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Primeiro Capítulo: Ivanhoé

Primeiro Capítulo: Ivanhoé

Capítulo I

Ivanhoé Texto Integral
491 páginas

ISBN:
978-85-66798-44-9


Preço: R$ 4,99

Naquele aprazível rincão da alegre Inglaterra, banhado pelo rio Dom, existiu, em tempos que já lá vão, uma grande floresta recobrindo os belos montes e vales estendendo-se entre Sheffield e a deliciosa cidade de Doncaster. Os restos dessa imensa mata ainda se percebem junto dos nobres assentos de Wentworth, de Wharnclifie Park e ao redor de Rotherham. Ali vagueou, no passado, o Dragão de Wantley, lá se travaram muitas das mais desesperadas batalhas da Guerra Civil das Rosas e ainda naqueles lados viveram outrora, aqueles bandos de galantes proscritos cujos feitos os cantares ingleses tão populares tornariam.

Será este o nosso principal cenário, decorrendo a nossa história no período final do reinado de Ricardo I (1157-1199), quando no seu retorno de demorado cativeiro, concretizou algo que os seus súbditos, desesperados, mais desejavam do que esperançavam, enquanto iam sendo submetidos a todos os gêneros de opressão.

Os nobres, cujo poder se exorbitara, durante o reinado de Estêvão (1135-1154), e de quem a prudência de Henrique II (1154-1189) quase não conseguira obter um mínimo de sujeição à coroa, usufruíam, no momento, da sua anterior licença sob a mais vasta forma, desprezando a débil interferência do Conselho de Estado inglês, fortificando os seus castelos, aumentando o número dos seus dependentes, obrigando a vassalagem todos à sua volta e tudo fazendo para conseguirem juntar forças bastantes para lhes concederem um lugar cimeiro nas convulsões nacionais que pareciam aproximar-se.

A situação da classe mediana, os rendeiros-livres, como lhes chamavam, a quem a lei e o espírito da Constituição inglesa concediam independência da tirania feudal, era agora verdadeiramente precária. Se, como era frequente, se colocavam sob a proteção de algum reizinho das vizinhanças, ocupando posições dentro da engrenagem feudal do paço, a ele se prendendo por laços de tratados de aliança e proteção mútuas, ou apoiando-os nos seus empreendimentos, conseguiam, por vezes, um repouso temporário, obtido claro é, com o sacrifício da independência pessoal, sempre tão arraigada no íntimo de todos os ingleses, e sujeitando-se ao perigo de se verem envolvidos, como elementos de qualquer irrefletida expedição para a qual a ambição dos seus protetores os arrastasse.

Por outro lado, era tanta e tão variada a capacidade de humilhação e opressão de que os grandes fidalgos gozavam, que nunca conseguiam pretextos e raramente a força de vontade para importunar mesmo quando à beira da própria destruição, os seus menos poderosos vizinhos que tentassem fugir à sua autoridade procurando proteção contra os perigos do tempo numa conduta inofensiva nas leis da terra.

Uma das causas que grandemente concorriam para o aumento da tirania da nobreza e sofrimento das classes inferiores advinha das consequências da conquista, pelo duque Guilherme, da Normandia. Quatro gerações não tinham sido bastantes para ligar os sangues incompatíveis de Normandos e Anglo-saxões, ou, mesmo: para unir, por uma língua única e interesses comuns, duas raças hostis, uma das quais ainda vibrava com a altivez da vitória, enquanto a outra prosseguia gemendo sob o peso da derrota.

Como resultado da batalha de Hastings (1066) o poder passara totalmente para as mãos da nobreza normanda, mãos que, como nos contam os livros de história, não o empregavam com muita moderação. Toda uma geração de príncipes e nobres saxões fora extirpada. ou deserdada, com poucas ou nenhumas exceções, da mesma for ma que poucos eram os das classes logo abaixo deles e das mais inferiores ainda que possuíssem, como proprietários, terras no país dos seus pais.

A política real fora, desde sempre, a de enfraquecer por quaisquer meios uma parte da população que era vista, e com realismo, como sentindo a maior das antipatias para com o seu vencedor. Todos os monarcas de raça normanda continuadamente evidenciaram a mais marcada das preferências pelos seus súbditos normandos. As leis da caça, um exemplo entre muitos, e outras, igualmente desconhecidas pela menos rigorosa e de espírito mais aberto Constituição saxônica, haviam sido carregadas ao serviço do povo já subjugado, acrescentando-lhes mais peso ainda às correntes feudais que já arrastavam.

Na corte e nos castelos dos grandes nobres, que imitavam a pompa e a forma de agir dos cortesões, o francês da Normandia era a única língua a ser utilizada. Nos tribunais, nos debates e nos julgamentos empregava-se também o mesmo idioma. Resumindo, o francês era a fala da honraria, da cavalaria e até da justiça, enquanto o mais masculino e expressivo anglo-saxão fora deixado para uso de rústicos e bisonhos labregos que mais não sabiam.

No entanto, a necessidade de inevitáveis contatos entre os senhores da terra e os oprimidos seres inferiores que as cultivavam já começavam a levar à gradual criação de um dialeto feito duma mistura de francês e anglo-saxão, através do qual se iam entendendo uns com os outros. Seria a partir desta mesma necessidade que, lentamente, se formaria a estrutura da nossa língua atual, o inglês, onde os falares dos vencedores e vencidos, em harmoniosa fusão, se entrelaçaram, enriquecendo-se depois com aquisições aos idiomas clássicos e às línguas europeias do Sul.

Entendi ser este apontar de fatos necessário para a maioria dos leitores, que talvez possam esquecer que, embora não tenha ocorrido nenhum fato histórico do tipo de insurreição, apontando os Anglo-saxões como um povo distinto a partir do reinado de Guilherme II (1087-1100), o caso é que existiam enormes diferenças entre eles e os seus dominadores, mantendo-se viva a memória coletiva, daquilo que tinham sido em relação ao que foram reduzidos a ser, até ao tempo do rei Eduardo III (1327-1377), conservando-se abertas as feridas, pela Conquista causadas, e as linhas de cisão entre Normandos, vencedores, e Saxões, vencidos.

O Sol punha-se numa das luxuriantemente relvadas clareiras da floresta que citei no princípio deste capítulo. Centenas de carvalhos de largas copas, curtos troncos e longos ramos, que, quiçá, tivessem presenciado a disciplinada marcha dos legionários romanos, abriam os seus nodosos braços por cima da fofa alfombra; em alguns pontos cresciam a par de faias, azevinhos e segundas crescenças de várias outras espécies, tão juntos entre si que chegavam a interceptar os raios do poente; noutros lugares afastavam-se uns dos outros, formando aquelas extensas vistas ao longo das quais os olhos se deleitam, perdendo-se, enquanto a imaginação as transforma em sendas dirigindo-se a cenas mais selvagens ainda de silvana solidão.

Aqui os rubros raios do Sol estendem-se em luminosidades, de onde em onde quebradas e difusas, que pairam sobre os ramos partidos e os musgosos troncos, iluminando brilhantemente porções de erva, ao longo da qual vão rompendo caminho. Um considerável espaço livre no meio desta aberta parecia ter anteriormente sido aberto para servir os ritos da superstição druídica, até porque no cimo dum montículo, tão regular a ponto de parecer artificial, ainda se erguia parte dum círculo irregular de toscas pedras não lavradas, de grandes dimensões.

Sete mantinham-se de pé. As restantes tinham sido retiradas da sua posição, talvez pela força do fanatismo de algum recém-converso ao cristianismo, jazendo perto umas, nas faldas do monte outras. Uma grande pedra caíra no sopé, alterando o curso dum plácido e até aí silencioso pequeno regato que corria, lentamente, em torno da elevação, murmurando debilmente.

Eram dois os homens contemplando esta paisagem, ambos com a aparência e vestes rusticamente bravias das florestas de West Riding, no Yorkshire de então. O mais velho era de semblante severo, selvagem e agreste. As suas roupas eram do mais simples que se possa imaginar, consistindo numa jaqueta com mangas, de pele curtida, onde os pelos se tinham em princípio deixado ficar, mas que agora estavam tão puídos que era impossível, pelos seus restos, identificar de que animal teria sido feita. Esta veste primitiva descia do pescoço até aos joelhos, cumprindo ela só aquilo que normalmente se exige das roupas. O rasgo da gola não era mais largo do que o preciso para permitir a passagem da cabeça, donde se poderia concluir que se vestia enfiando-a, como se enfia uma camisa moderna ou uma cota de armas antiga.

Sandálias, com ataduras de couro de javali, protegiam-lhe os pés, enrolando-se as últimas pelas pernas acima até pouco abaixo dos joelhos, nus, como os dos montanheses da Escócia. para melhor ajustar a jaqueta ao corpo, usava um cinturão largo, que se fechava com uma fivela de latão, num dos lados da qual pendia uma espécie de alforje e do outro um corno de carneiro ao qual fora adaptado um bocal, para que pudesse ser usado como instrumento de sopro.

Ao cinturão estava presa também uma daquelas compridas, largas e afiadas facas de dois gumes, de cabo de chifre de veado, fabricadas nas redondezas e marcadas, já nesse remoto período, com o nome dum cuteleiro de Sheffield. Nada trazia na cabeça, que estava coberta por espesso, desgrenhado e enriçado cabelo, a que o sol dera uma cor vermelho-arruçada, muito contrastando com as barbas, recobrindo-lhe as faces, de tom mais para o ambarino.

Falta descrever uma peça da sua indumentária, demasiado importante para se poder esquecer: trata-se dum anel de latão, parecendo uma coleira de cão, sem qualquer cobertura, contudo, pois fora soldada em torno do pescoço, folgada bastante para não atrapalhar a respiração, mas, mesmo assim, suficientemente justa para não se poder retirar sem recorrer a uma lima. Neste curioso gorjal estava gravado, em escrita saxônica, a legenda "Gurth, filho de Beowulph, escravo nato de Cedric de Rotherwood".

Ao lado do porqueiro, pois era essa a sua ocupação, sentava-se, num dos monumentos druídicos, outro homem, aparentando dez anos menos do que aquele que descrevemos e cujas roupagens, ainda que, no feitio, semelhantes às do companheiro, eram de artigo melhor e de aspecto mais extravagante. A jaqueta fora tingida dum tom púrpura vivo, sobre o qual havia esboços de ornamentos de várias cores. Por cima da jaqueta trazia uma capa curta, mal lhe chegando ao meio das coxas. De tecido carmesim, cheio de nódoas, debruado a amarelo forte, muito mais larga do que comprida, podendo facilmente passar-se dum ombro para o outro ou ser enrolada em torno do corpo, era perfeitamente fantástica.

Nos braços, delgados braceletes de prata e, ao pescoço, uma gorjeira do mesmo metal, com a inscrição "Wamba, filho de Witless, escravo de Cedric de Rotherwood". Calçava o mesmo tipo de sandálias que o seu camarada, só que, em vez dos nagalhos de couro, as pernas tinham a cobri-las uma espécie de polainas, uma vermelha, outra amarela. Ostentava um gorro com alguns guizos, mais ou menos do tamanho dos que se prendem aos falcões, nele pendurados, que tilintavam sempre que movia a cabeça.

Como raramente estava quedo, quase que se poderia considerar aquele tinir como constante. Em volta do gorro corria um rígido rebordão de couro, com a parte superior revirada e recortada como um coronel, dele subindo uma longa saca, que depois caía por um dos ombros, lembrando um antiquado barrete de dormir, um coador de geleia ou mesmo o chapéu dos atuais hussardos. Aqui prendiam-se as campainhas.

Tudo isto e a sua expressão meio louca, meio astuciosa, mostravam pertencer ele àquela categoria de palhaços domésticos, ou bobos, que os ricos mantinham nos seus solares para quebrar o tédio das monótonas horas que eram obrigados a passar dentro de portas. Como o seu companheiro, usava, ao cinto, um alforge, mas não carregava nenhum corno ou faca, provavelmente por pertencer a uma classe tida como demasiado perigosa para se lhe poderem confiar instrumentos cortantes.

Em lugar disso ostentava uma espada de pau lembrando aquela com que o Arlequim executa todas as suas malabarias nos palcos de agora. A aparência destes dois personagens era ainda menos contrastante do que os seus ares e comportamentos. Os do servo ou escravo eram tristes, taciturnos. Caído, inconformado, quase se diria apático se o fogo que ocasionalmente lhe faiscava dos olhos não revelasse que, debaixo de toda a sua desanimação, dormitavam um repúdio pela opressão e um desejo de resistir imensos. Wamba, por seu lado, aparentava, como é costume na gente da sua espécie, uma distraída curiosidade e uma irrequieta impaciência, que não lhe permitiam qualquer pouso ou repouso, a par da mais completa autossatisfação no respeitante à própria situação e aparência.

O diálogo que mantinham era em anglo-saxão, a língua geral das classes inferiores, como foi dito, se se exceptuarem os soldados normandos e o pessoal imediatamente dependente dos grandes nobres feudais. Transcrever a sua conversa no vernáculo nada representaria para o leitor hodierno, pelo que me permito traduzi-la como segue.

— Que a maldição de Santo Withold caia sobre estes recos do Inferno — bradou o porqueiro, após ter soprado a sua trombeta, com estrépito, para reunir a dispersa vara, que, acusando o chamado, lhe respondeu em tonalidades igualmente melodiosas, sem contudo se afastar, ou do faustoso banquete de sementes de faia e landes, nas quais cevavam, ou das margens alagadiças do regato, onde alguns deles, meio mergulhados na lama, se estiravam, consolados e totalmente indiferentes à voz do seu dono.

— Que a maldição de Santo Withold caia neles e em mim também — continuou Gurth — se o lobo de duas pernas não apanhar um deles antes de anoitecer, eu não sou homem, nem nada. Anda cá, Fangs! Fangs! — explodiu a plenos pulmões voltado para um cão hirsuto, misto de lobo, cão de amarrar, mastim e galgo, que manquejava por ali, sem qualquer tenção de auxiliar o seu amo no arrebanhar dos renitentes grunhidores, e que, por incompreensão dos sinais que lhe eram feitos, ignorância dos seus deveres, ou maldosa propensão, ainda mais os espalhava, agravando o mal para o qual deveria ser remédio.

— Que o Demo lhe meta os dentes — disse Gurth — e a mãe todas as desgraças dane o couteiro desta mata, que corta as unhas das patas da frente dos cães, tornando-os incapazes para o serviço a que se destinam. Wamba, levanta-te e mostra que és homem ajudando-me. Dá uma volta ao monte para lhes ficares contra o vento. Logo que estiveres certo disso, guia-los-ás à tua frente com tanta facilidade como se de cordeirinhos se tratasse.

— Claro — disse Wamba sem se mexer donde estava —, já consultei as minhas pernas sobre o assunto, sendo elas de opinião que arrastar as minhas garridas vestes nesses lamaçais constituiria uma prova de pouca amizade para com a minha soberana pessoa e também para o guarda-roupa real. Daí, Gurth, te aconselhe que mandes o Fangs ficar quieto e deixes a vara entregue ao seu destino, que, quer venham a encontrar-se com soldados viajando e proscritos vadiando, quer peregrinos passando, será sempre o de se transformarem, antes do amanhecer, para teu alívio e conforto, em normandos.

— Os suínos convertidos em normandos?! — interrogou Gurth. Explica-me lá isso, Wamba, porque o meu cérebro é demasiado obtuso e a minha mente confusa de mais para decifrar enigmas. — Então como é que tu chamas a estes brutos que para aí andam sobre quatro patas e a roncar? — perguntou Wamba.

— Suínos, ó louco, suínos — afirmou o porqueiro, acrescentando: — Qualquer maluco o sabe.

— E "suíno" é saxão do bom — disse o bobo. — Mas como é que chamas à porca, depois de esfolada, aberta, esquartejada e pendurada pelos pés como um traidor?

— Porco — respondeu o guardador. — Apraz-me saber que qualquer maluco saiba isso também — prosseguiu Wamba —, e "porco" é, creio eu, francês, do bom, da Normandia. Portanto, enquanto o bicho vive, à guarda dum escravo saxão, responde pelo seu nome saxão, mas quando morre vira normando, sendo porco que o denominam, quando é levado para o castelo para delícia dos nobres. Que me dizes a isto, Gurth amigo? Hem?

— Parece doutrina válida, amigo Wamba, ainda que saída do teu cocuruto de doido.

— Olha. Há mais para te contar — prosseguiu Wamba no mesmo tom. — o Senhor Boi conserva a sua alcunha saxônica enquanto aos cuidados de servos e escravos como tu, mas muda para Bife, galantemente afrancesado, quando caminha para as respeitáveis queixadas de quem o vai ingerir. Igualmente a Senhorinha Bezerra passa para Mademoiselle de Vitela acontecendo, pois, que apenas são saxões enquanto dão trabalho, mas normandos quando passam a poder dar prazer.

— Valha-me São Dunstan I — exclamou Gurth.

— São bem tristes as verdades que dizes pouco nos resta senão o ar que respiramos, e mesmo esse parece ter-nos sido concedido muito a custo e só para que possamos aguentar as tarefas que nos põem ás costas. O bom e o melhor vai para as mesas deles, o mais belo para as suas camas, e os mais bravos e valentes servem chefes estrangeiros como soldados, acabando os seus ossos a branquear em quaisquer paragens distantes, aqui restando poucos com vontade ou forças para proteger os desafortunados saxões. Que Deus abençoe o nosso senhor Cedric, que tem feito trabalho de homem, defendendo a brecha. Mas atenção, que Reginald Front-de-Boeuf vem por esta terra abaixo em breve, veremos para que serviram os cuidados de Cedric.

— E levantando a voz:

— Anda, anda cá! Isso! Isso! Muito bem, Fang! Tem-los finalmente à tua frente e trazê-los direitinhos. Lindo! — Gurth — disse o bobo —, sei que me consideras um tolo, e não porias a tua cabeça nas minhas mãos, uma palavra só a Reginald Front-de-Boeuf ou a Philip Malvoisin, dizendo-lhes que falaste contra os Normandos, e não serás mais do que um porqueiro desterrado, ou, pior ainda, acabarás dependurado numa destas árvores, como aviso para os que dizem mal das grandes personalidades.

— Cão. Não era capaz de me atraiçoar — bradou Gurth — depois de me teres levado a dizer o que disse? — Trair-te, eu? — respondeu-lhe o bufão. — Não. — Não, isso seria obra de gente esperta e um tolo só a si mesmo ajuda... mas fala baixo! Quem vem aí? — interrompeu escutando o passo de vários cavalos que começava a fazer-se sentir.

— Não interessa quem é — observou-lhe Gurth, que tinha agora os porcos em seu redor e que, ajudado pelos Fangs, os ia guiando por uma das difusas vistas que tentamos descrever.

— Não. Tenho de ver os cavaleiros — regozijou-se Wamba.

— Será que vêm do País das Fadas trazendo um recado do rei Oberon?

— Os diabos te levem — retorquiu-lhe o porcariço. — Como te atreves a dizer coisas dessas, quando uma grande tempestade, com trovões e relâmpagos, está a estoirar nas redondezas? Escuta como troveja. É chuva de Verão, pois nunca vi pingas tão grossas como as que estão caindo das nuvens. Os carvalhos mesmo nesta calmaria, rangem e estalam lá no alto das suas grandes ramas como que anunciando temporal. Não armes em esperto e acredita-me, ao menos desta vez. Vamos para casa antes que a tempestade venha para cima de nós e nos faça passar uma noite medonha.

Wamba pareceu aceitar a intensidade do seu apelo e juntou-se ao companheiro, que levantava um longo varapau caído na relva à sua beira. Este segundo Eumeu apressou-se então, pela clareira fora, conduzindo, em conjunto com Fangs, toda a vara numa pouco harmoniosa corrida.

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