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Primeiro Capítulo: O Monstro Branco

Primeiro Capítulo: O Monstro Branco

Capítulo I: A Longa Viagem

O Monstro Branco Texto Integral
175 páginas

ISBN:
978-85-66798-39-5


Preço: R$ 4,99

Perambulando ao acaso, Adam Salton chegou ao Empire Club de Sidney e aí encontrou uma carta de seu tio-avô. Já tivera notícias do velho cavalheiro, há pouco menos de um ano, quando Ricardo Salton lhe tinha escrito para lhe comunicar seu parentesco, esclarecendo que não o fizera antes, dada a dificuldade de encontrar o endereço de seu sobrinho-neto. Adam ficara encantado e tinha respondido cordialmente; ouvira, várias vezes, seu pai falar do ramo mais velho da família, com o qual os seus tinham perdido o contato, há muito tempo. Uma correspondência interessante a isso se seguira. Adam abriu a carta que acabara de chegar e que continha um cordial convite para que ele se unisse a seu tio-avô, em Lesser Hill, e aí permanecesse pelo maior tempo que lhe fosse possível.

Em verdade, continuava Ricardo Salton, espero que você se decida a fazer aqui sua morada definitiva. Olhe, meu querido rapas, você e eu somos os últimos sobreviventes de nossa linhagem e é de justiça que seja você meu sucessor, quando chegar a ocasião. Neste ano de 1860 vou completar oitenta anos e, embora pertençamos a uma família que vive muito tempo, o tempo de uma vida não pode ir além de razoáveis limites. Eu já o estimo muito e estou disposto a tornar sua permanência comigo tão feliz como possa desejá-la. Assim, logo que receber esta carta, venha para que tenha oportunidade de lhe apresentar as mais afetuosas boas-vindas, como desejo. Estou lhe mandando, caso isso lhe torne as coisas mais fáceis, um cheque de 200 libras. Venha logo, para que possamos os dois ficar juntos alguns dias felizes. Se você pode me dar o prazer de vê-lo, envie-me logo uma carta dizendo quando posso esperá-lo. Em seguida, quando chegar a Plymouth ou a Southampton, ou em qualquer outro porto, espere a bordo e irei procurá-lo imediatamente.

O velho senhor Salton ficou mui contente quando a resposta de Adam chegou e apressadamente mandou um criado a sir Nataniel de Salis, seu amigo íntimo, para anunciar-lhe que o sobrinho-neto chegaria a Southampton, a 12 do mês de junho.

O senhor Salton deu as instruções para, que uma viatura estivesse pronta para partir rumo a Stafford, na manhã daquele dia, onde ele tomaria o trem das llh40. À noite estaria junto de seu sobrinho-neto e ficariam os dois no navio, o que seria uma experiência nova para ele, ou, então, se seu parente preferisse, dormiriam num hotel. Em ambos os casso, por-se-iam a caminho, no dia seguinte, rumo à casa. Ordenara a seu administrador que fizesse partir para Southampton a viatura com o cocheiro, de aprontá-la para a viagem de volta e de preparar as mudas de cavalos, logo depois. Queria ele que seu sobrinho-neto, que vivera na Austrália, visse um pouco da Inglaterra rural durante essa viagem. Tinha, em abundância, cavalos, fortes, que faziam parte de sua criação e adestramento; e além disso esperava que isso seria um memorável passeio para o jovem. As bagagens seriam transportadas de trem até Stafford, onde uma de suas charretes iria procurá-las. O senhor Salton, durante a viagem para Southampton, imaginou várias vezes, se seu sobrinho estaria tão excitado como ele, com a ideia de encontrar, pela primeira vez, um parente; e era, com dificuldade, que refreava sua animação. A perspectiva da visão da estrada de ferro, sem fim, e os trilhos móveis de Southampton aumentaram ainda mais sua ansiedade.

Quando o trem parou diante da plataforma, ele cruzou as mãos, e eis que a porta do vagão se abriu violentamente e um jovem pulou para dentro.

— Como vai o senhor, meu tio? Eu o reconheci, graças à fotografia que o senhor me enviou. Eu queria vê-lo o mais depressa possível mas tudo é para mim tão estranho que não sabia o que fazer. Contudo, eis-me aqui. Estou contente por encontrá-lo, sir. Sonhei com esta felicidade durante mil e mil anos; agora acho que a realidade vale todos os sonhos. Após estas palavras o velho e o jovem, de todo o coração, apertaram-se as mãos., O encontro, começado com tão favoráveis augúrios, continuou vantajosamente. Adam, vendo que o ancião se interessava pelas novidades do navio, sugeriu que passassem a noite a bordo, afirmando-lhe que ele próprio estaria disposto a partir a qualquer hora e dirigir-se para onde seu parente quisesse. Esta vontade afetuosa de ficar de acordo com seus próprios projetos, tocou profundamente o coração do velho. Aceitou calorosamente o convite. Em seguida, puseram-se a conversar, não como parentes afeiçoados, mas como velhos amigos. O coração do ancião, que ficara vazio tão longo tempo, encontrou novo prazer. Quanto ao moço, o acolhimento que recebia, desembarcando nesse velho país, se harmonizava com os sonhos que fizera durante o curso de suas viagens, sempre solitário, e lhe prometia vida nova e agradável.

Pouco tempo depois, já o ancião concordara em chamá-lo familiarmente, por seu nome de batismo. Depois de longa conversa sobre assuntos que lhe interessavam, retiraram-se para as cabines. Ricardo Salton colocou sua mão, com afeto, sobre os ombros do jovem. Embora Adam tivesse já vinte e sete anos, ele era e seria sempre, um jovem, um rapaz para seu tio-avô.

— Estou tão feliz por encontrá-lo tal como você é, meu caro rapaz, exatamente como o jovem que sempre sonhei ter como filho, naqueles dias em que nutria ainda tais esperanças. Entretanto, tudo isso pertence ao passado. Agradeço, porém, a Deus visto que agora começa uma vida nova para cada um de nós. Você terá a parte maior, mas há ainda tempo para estarmos juntos um parte dela. Esperei que nos víssemos para então lhe dizer isso; porque pensava que valia mais não ligar sua vida à minha, antes de ter suficiente conhecimento para justificar tal aventura. Agora posso, no que me concerne, falar completamente à vontade, pois, desde o instante em que pus meus olhos sobre você, eu vi meu filho, tal como ele teria sido, se Deus tivesse permitido, se ele tivesse escolhido esse caminho.

— Em verdade eu o sou, sir. De todo o meu coração!

— Obrigado, Adam, por estas palavras.

— Os olhos do velho se encheram de lágrimas e sua voz tremia. Em seguida, após longo silêncio, ele prosseguiu: — Assim que soube que você viria, fiz meu testamento. Era normal, que seus interesses ficassem garantidos desde esse momento. Ei-lo, Adam. Tudo o que me pertence será seu; e se o amor e o desejo de felicidade ou a lembrança disto podem tornar a vida mais agradável, então você será um homem feliz. Agora, meu querido rapaz, vamos nos deitar. Amanhã devemos levantar cedo e teremos longa viagem diante de nós. Espero que você goste de viajar em viatura. Mandei vir o velho carro de viagem em que meu avô se dirigia à corte, quando era rei Guilherme IV. Ela está em bom estado — construía-se bem naqueles tempos — e, bem conservada, está pronta a rodar. Penso, outrossim, que fiz o melhor. Os cavalos são de minha criação e as mudas foram previstas ao longo de todo o caminho. Certamente você gosta de cavalos. Durante longo tempo foram eles a atração de minha vida.

— Eu os adoro, sir, e fico satisfeito por lhe dizer que eu mesmo tenho vários. Meu pai me fez presente, quando completei dezoito anos, de uma criação desses animais. A ela me dediquei com constância. Antes de minha partida, meu administrador me entregou um ofício afirmando que há mais de mil cavalos em minhas propriedades e quase todos em excelente estado.

— Como fico contente, meu jovem. É mais um elo que nos une.

— Imagine, senhor, minha satisfação em conhecer, dessa maneira a Inglaterra, e ainda mais em sua companhia!

— Obrigado mais uma vez. Eu lhe contarei tudo sobre sua futura residência e seus arredores, quando estivermos a caminho. Vamos viajar à maneira antiga, já lhe disse. Meu avô conduzia sempre a rédeas soltas e assim faremos nós.

— Oh! obrigado, sir, obrigado. Poderei eu de vez em quando guiar também?

— Todas as vezes que quiser, Adam. A parelha é sua. Cada cavalo que usarmos hoje será seu.

— O senhor é muito generoso, meu tio!

— De modo algum. É apenas um prazer egoísta de um velho. Não é todos os dias que um herdeiro está de volta à casa. E... por exemplo... Não, é melhor que durmamos agora; eu lhe contarei o resto amanhã cedo.

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