Introdução ou um Prefácio
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Texto Integral50 páginas ISBN: 978-85-66798-37-1 Preço: R$ 4,99 |
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Este livro é uma homenagem póstuma ao meu caro amigo Carlos Andrade de Sousa ou como ele mesmo se denominava: Carlos Vate. Ou simplesmente Vate. Antes de tudo Vate era um boêmio inveterado, um grande amigo, mas um boêmio. E isto levou-lhe à morte precoce. Veio a deixar este mundo com apenas 28 anos e esta amizade de 2 anos e tantos meses. E apenas este amigo acredito, pois eu fui o único que chorou sua morte, enterrado como indigente, onde nem sei. Nem parentes ou outros amigos vieram para reivindicar o direito sagrado de enterrá-lo.
Naquela noite em que encontraram seu cadáver já fétido em seu quitinete eu estava imerso em meu próprio desespero claro, encontrava-me às mínguas de meu namoro de anos e só fui saber da morte do poeta na semana seguinte. Ia encontrar-lhe para mais uma tarde de bate papo sobre diversos assuntos que eu deleitava-me em seus conhecimentos mundanos e divagação solitária em poética e romances literários, quando veio-me a notícia fatigosa.
Ele queria escrever como Carlos Drummond de Andrade, mas sempre dizia que não conseguia ser claro em suas poesias e dialéticas. A obscuridade era o seu carma e perseguia-lhe nas suas escritas. Por diversas vezes para entender os seus poemas eu lia e relia e tinha ainda que pedir-lhe explicações. Ele dizia “mas está tão claro e límpido como água de riacho que se consegue ver o fundo, o que você quer mais?”.
Passou-se algumas semanas para a quitinete de Vate finalmente ser alugada por um outro inquilino da Vila Dois-Irmãos; e este novo inquilino encontrar, na quitinete, vários escritos. O inquilino deixou-me entrar no cubículo que cheirava a mofo, desarrumado, quase deserto a não ser por livros e jornais espalhados. Encontrei papéis avulsos, folhas amassadas, rabiscadas, algumas queimadas, dilaceradas, faltando versos inteiros. Passei vários meses catalogando, ordenando cronologicamente, inventariando e reconstituindo, reconstruindo versos perdidos, queimados, rasgados... tanto que não sei mais distinguir quais versos são seus, quais são meus... nos tornamos simbionte, bebendo nos versos um do outro... Poesia a quatro mãos.
Esta é a exposição dos fatos ocorridos durante uma semana antes da morte de Vate, baseado em suas poesias-testemunhos:
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